ACD – Crianças Leitoras, Famílias Felizes, com Lúcia Barros

Público-alvo: educadores de infância, professores do 1º CEB e professores dos 2º e 3º CEB de Português. Outros professores com interesse pelo tema.

Atividade gratuita sujeita a marcação prévia, através do email biblioteca.municipal@cm-esposende.pt ou pelo telefone 253 960181




Salgueiro Maia - Evocação do 25 de abril de 1974


É a figura mais importante do século XX português. só Aristides de Sousa Mendes se aproxima dessa ideia de lutar pelo que é digno, pelo que é o rosto das pessoas.

Concentrou em si toda a imaginação de uma alvorada. o sonho possível, tornado instante de promessa viva e sublime. Ousou encerrar as prisões de alma que os mais bem parecidos sempre criaram no poder soberano das máscaras. Sonhou com as pessoas, não para as usar num estatuto de acaso, mas para pensar nelas como uma comunidade de maior decência e dignidade.

Imaginou o grito e a esperança, nunca se importando se perdia algo, apenas preocupado com a determinação, a força do espírito para manhãs mais justas. Sonhou com os abraços, na mais romântica das formas, servindo apenas a causa, a da liberdade. Nunca teve programa, apenas se servia da gentileza e do sorriso largo e da coragem, a mais sublime. Viveu o sonho e retirou-se não querendo privilégios, nem cargos, ou reconhecimento.

Ele foi apenas o sopro livre da liberdade, a promessa do dia limpo, a substância do tempo, contrária a qualquer carreirismo. Foi dele que aprendemos que “revolução” é a construção a partir da praia de sonhos, do dia limpo e inicial, de que falava Sophia. Num dia de gestos repetidos, onde o passado ainda é um crédito para um presente pouco relevante, recordemos a coragem de quem se ofereceu, apenas na alegria do sorriso mais terno.

No vinte e cinco de Abril, saibamos compreender o gesto maior de fazer, de lutar, de ser só porque isso é o que está certo, independentemente das consequências. Nesta data um aplauso vivo a quem compreendeu de uma forma superior o que em mais de quatro décadas uma classe política ainda não percebeu. A de que o 25 de Abril é, foi uma oferta para uma nova relação connosco próprios, o dia branco de possibilidades e não só e apenas o arrumar de ideias fragmentadas sem solidariedade no olhar.

O 25 de Abril não é uma data, é uma descoberta do que podemos ser.

Dia mundial do livro 2023

 


Dia mundial do livro 2023!

O livro é um objeto único, raro por aquilo que nos dá.
O livro alimenta a imaginação, cria a fantasia e concede-nos a possibilidade de alimentar novos territórios para uma esperança, feita de mundos alternativos ao conhecido, ao visitado no horizonte dos instantes. O livro constrói no universo das ideias, um realismo superior à realidade, pois dá-nos as fronteiras ilimitadas da leitura. Embora muitos dispensem esta chave de abrir tesouros e vidas infindáveis ela é um imenso privilégio. É-o, pois significa que superámos as mais baixas condições da utilidade dos dias, que já não vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura permite ter acesso a um espaço de recolhimento, para desfrutar momentos de lazer e de conhecimento.

Ele é o único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo. Ler é assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, “o levantar a cabeça”, imaginado essas imagens que a leitura trouxe. A leitura, a sua essência repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual. A leitura isola o leitor, permite a imobilidade, instala o silêncio e concede-nos um processo de contramovimento contra a cidade, o grupo, o barulho, o movimento, os outros, libertando-nos do tempo.

Os livros são um dos objetos primordiais do que podemos chamar uma civilização. Com os livros guardamos a memória e as inquietações anteriores a nós, mas também neles descobrimos que eles nos fazem pensar melhor, afinal que podemos evoluir como pessoas, como sociedade. É na leitura que nos descobrimos, que verificamos os valores que nos conduzem, as formas de encontro que conseguimos estabelecer com os outros. Os livros que lemos dizem muito das pessoas que conseguimos ser, dos conhecimentos que multiplicamos nas ideias que apreendemos e da perceção que temos do mundo e de nós próprios.

Os livros emergem com as palavras, ao nomeá-las, estamos a dar-lhes a substância de existirem, mesmo que se refiram ao que não temos, mesmo que sejam os sonhos antes dos sonhos, a respiração de ver o que se ama. Os livros e a leitura confirmam essa possibilidade maior de aceitarmos em partilha as vozes que nos chamam para o reconhecimento múltiplo da humanidade.
É dos livros e do seu silêncio ordenado que recebemos essa energia que nos permite descobrir em poucos anos universos inteiros. É pelos livros, pelas suas palavras, que damos peso, estrutura ao que somos. É na respiração das palavras que anunciamos as formas como que vemos o mundo, e somos muito, “aquilo que as palavras ouvem” (Manuel António Pina) e é por isso que eles são a mais bela forma de registar o mundo e as suas cores.
Imagem: DGLAB

Dia munidal do livro infantil

A dois de abril comemora-se o dia mundial do livro infantil. Este é o dia do nascimento de Hans Christian Anderson e é uma forma de chamar a atenção para um escritor tão importante para o universo infantil e para o valor e importância do livro no crescimento das crianças.  

O IBBY (International Board on Books for Young People) - Grécia é o patrocinador oficial do Dia Internacional do Livro Infantil em 2023. O tema escolhido foi "Sou um livro, lê-me". 

O poster oficial resulta da colaboração entre o autor Vagelis Iliopoulos e o ilustrador Photini Stephanidi. Juntos, quiseram celebrar o poder dos livros para crianças, na promoção dos valores de igualdade, diversidade e inclusão, bem como no relacionamento entre as pessoas através da tolerância e compreensão mútua. 

 

I am a book, read me.
by Vagelis Iliopoulos
I am a book.
You are a book.
We are all books.
My soul is the story I tell.
Every book tells its own story.
We can look quite different –
some big, some small,
some colourful, some black and white,
some with a few pages, some with many.
We may say similar or completely different things,
but that’s our beauty.
It would be boring to be all the same.
Each of us is unique.
And each of us has the right to be respected,
to be read without prejudice,
to be given space in your library.
You may have opinions about me.
You may choose to question or comment on what you read.
You can put me back in the library
or hold me close and travel with me a long way.
But never let someone throw me away
or send me to another shelf.
Never ask for my destruction, nor allow anyone else to do.
And if a book ever comes from another shelf,
because someone or something drove it away,
make room.
It fits next to you.
Try to feel as it feels.
Understand it. Protect it.
You may be in its place tomorrow.
Because you are a book too.
We all are books.
Come on, say it loud so everyone can hear you.
«I am a book, read me.»
 
 

Dia dos Namorados e dos Afetos


Neste dia, do Dia dos Namorados e dos Afetos, o PNC apresenta uma programação com três filmes:

1.  Belle  (2013), de Amma Asante, uma herdeira que viveu na Inglaterra na 2.ª metade do século XVIII e princípio do séc. XIX. 
 
2. É ainda feita a proposta de uma outra obra que evoca a perda de entes queridos e desafiam de outra forma os nossos afetos:trata-se de Central do Brasil (1998), de Walter Sales.

3. É feita ainda a proposta de Verão 1993 (2017), de Carla Simón.
Através destas obras, há todo um mundo de dramas humanos e questões pedagógicas que podem ser discutidas. 
 
Os filmes estão disponíveis na plataforma streaming do PNC, em exclusivo para escolas, em: https://pnc.gov.pt



                         (Con) Viver com Poesia - especial Natal




 

Apresentação do livro «As sete Marias que matavam franceses»,

 de Domingos Amaral






ANCORAR LEITURAS 

Formação «Ler e escrever para a paz e harmonia», com João Manuel Ribeiro


Recomeços...com a leitura

Por estes dias a despedida da rainha Isabel II marcou as notícias e os media em todo o planeta. Isabel II teve um papel muito especial na monarquia do Reino Unido e fez do serviço a essa causa um valor de vida muito significativo, que será quase impossível encontrar um exemplo semelhante na ligação e identidade de uma cultura e de um País a uma figura pública. A simpatia por ela manifestada de modo tão significativo é o sinal de uma ligação, onde os valores da memória e da construção de uma identidade assumem um valor de uma relação que assumiu muitas formas.

A rainha Isabel II relacionou-se de muitas formas com a sociedade onde nasceu e cresceu, esse mundo onde o Império Britânico comandava o mundo até aos tempos em que ele se transformou numa Commonwealth. Alguns rituais mantiveram-se, mas existem sempre realidades novas a considerar, algo que a rainha Isabel II fez com grande capacidade.

Há alguns anos atrás, um escritor francês, Alan Bennett escreveu um pequeno e maravilhoso livro que nos revela o valor civilizador que a arte e a cultura, e nela a leitura podem ter no espírito humano. Nele o poder da leitura para desconstruir rotinas e criar mundos de possibilidades novos aparece quase como um conto de fadas,onde a rainha Isabel II quase prefere ser leitora a ser rainha. Um dia, ao procurar os seus cães encontrou a biblioteca itinerante estacionada no palácio de Buckingham, a rainha encontrou um funcionário da sua casa real, Norman que ao aconselhar-lhe um livro mudaria a vida da rainha. 

Alguns excertos sobre esse valor da leitura para mudar o que nos rodeia e o que podemos fazer com as nossas escolhas.

"A Rainha hesitou porque, para dizer a verdade, não tinha a certeza. Nunca se interessara muito pela leitura. Lia é claro, como toda a gente, mas gostar de livros era algo que deixava aos outros. Era um passatempo e fazia parte da natureza do seu cargo não ter passatempos.  Os passatempos implicavam preferências e as preferências tinham de ser evitadas; as preferências excluíam pessoas.  Havia que não cultivar preferências. A sua função era mostrar interesse por, não deixar que ela própria se interessasse. Além disso, ler não era fazer. Era alguém que faz. Por isso olhou a toda a volta a carrinha forrada de livros (...)

Agora que descobrira as delícias da leitura, Sua Majestade tinha muita vontade de as divulgar. Ao encontrar naquele dia Sir Kevin, ele [ao ver a a rainha a ler] disse-lhe:

- Consigo entender - disse ele - a necessidade que Vossa Majestade tem de passar o tempo.
-Passar o tempo? -disse a Rainha. -Os livros não são para passar o tempo. São sobre outras vidas. Outros mundos. Longe de querer que o tempo passe, Sir Kevin, quem nos dera ter mais. Se quiséssemos passar o tempo, íamos à Nova Zelândia.  
Sir Kevin retirou-se magoado. Porque é que, neste momento particular da vida, sentira subitamente atração pelos livros. Donde surgira esse apetite?

Sim, poucas pessoas tinham visto mais mundo do que ela. Quase não havia país que não tivesse visitado. Estando ela própria na tribuna do mundo, porque se entusiasmava agora com livros que, por muito que pudessem ser, não passavam de um reflexo ou versão do mundo? Livros? Ela vira a realidade.

-Eu leio e penso - disse ela a Norman -, porque temos o dever de descobrir como são as pessoas. - O comentário fora tão trivial que Norman não lhe dera muita atenção, pois não sentia esse dever e lia por puro prazer e não para se iluminar ou inspirar, embora soubesse que parte do prazer era inspiração. Mas ali o dever não entrava.  Para alguém com a formação da Rainha, no entanto, o prazer ocupara sempre o segundo lugar em relação ao dever. 

Mas porque é que aquilo se apoderara dela agora? Não discutiu isso com Norman, por sentir que dizia respeito a quem ela era e à posição que ocupava. O apelo da leitura, pensou, vinha da sua indiferença: havia na literatura algo de nobre. Os livros não se importavam com quem os lia, nem se os líamos ou não. Todos os leitores eram iguais, incluindo ela própria. Pensou: a literatura é uma comunidade. (...)

Só agora compreendia o que significava. Os livros não se submetiam. Todos os leitores eram iguais e aquele livro levou-a ao princípio da sua vida. Quando ela era nova, uma das suas maiores emoções foi a noite da Vitória na Europa, em que ela e a irmã se esgueiraram pelos portões, incógnitas, e se misturaram com a multidão. Sentia que havia algo disso na leitura. Era anónima, partilhada, comum. E ela, que levara uma vida à parte, ansiava por isso. Aqui, nestas páginas e entre estas capas, podia seguir incógnita. 

Porém, dúvidas e interrogações eram só o princípio. Uma vez no ritmo normal, deixou de lhe parecer estranho o facto de querer ler, e os livros, aos quais se afeiçoara tão cautelosamente, passaram pouco  apouco a ser o seu elemento. "

A Leitora Real / Alan Bennett. Lisboa: Edições Asa, 2009.

 

APRESENTAÇÃO DO LIVRO «NUNCA PARES», 

DE EMANUEL MENDES I BIBLIOTECA MUNICIPAL MANUEL DE BOAVENTURA I ESPOSENDE