Município de Esposende adere ao projeto «Juntos de Férias 2021»


A Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, em Esposende, aderiu ao projeto Juntos de Férias 2021, que se desenvolve através da aplicação Desafios LER+ e destina-se a jovens entre os 10 e os 15 anos.
Iniciado nas férias de Verão de 2019, o "Juntos de Férias" é um projeto de parceria entre a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, através da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, e o Plano Nacional de Leitura - Concursos, que tem por objetivo incentivar o gosto pelo livro e pela leitura.
O projeto desenvolve-se a partir da leitura de um conjunto de livros selecionados pelo Plano Nacional de Leitura 2027, associados a uma aplicação específica, a aplicação «Desafios LeR+», que disponibiliza jogos relacionados com os livros recomendados. Obtendo a pontuação máxima, os jovens participantes podem inscrever-se e habilitar-se a um prémio.
A aplicação é gratuita e está disponível na Play Store, disponibilizando um conjunto de jogos/ desafios associados a livros previamente selecionados pelo PNL2027 e que estão disponíveis na Biblioteca Municipal. Após a resolução de todos os desafios, os leitores poderão concorrer a vários prémios.
Para estas férias de Verão, os títulos escolhidos foram: “Carta ao cavaleiro de nada”, de João Marecos e Rachel Caiano, Livros Horizonte; “A rapariga que falava com ursos”, de Sophie Anderson, Minotauro; “A alma perdida”, de Olga Tokarczuk, Fábula; “Gosto, logo existo”, de Isabel Meira e Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina; “O rapaz do rio”, de Tim Bowler, Presença; e “Striker Force 7” (vol.1), de Cristiano Ronaldo, Oficina do Livro.
Este projeto insere-se no contexto do contributo que Esposende pretende dar ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


 

Esposende promove Encontro com Mia Couto

Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021



O Encontro com Mia Couto, Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021, que o Município leva a efeito aproveitando a presença do escritor moçambicano em Esposende, teve ontem, dia 10 de julho, outro grande momento. Depois da sessão de entrega do Prémio, realizada no dia 9, o Auditório Municipal de Esposende acolheu a primeira das duas tertúlias do programa, proporcionando um contacto mais próximo e intimista com o escritor e um maior conhecimento da sua obra.

 Tendo por base o título da obra de Mia Couto “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, o escritor esteve à conversa com o Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, e o docente universitário, Sérgio Guimarães Sousa, presidente do júri do Prémio Literário Manuel de Boaventura. Uma conversa informal, onde o público presente e via online, através do facebook do Município, teve oportunidade de ficar a conhecer melhor o escritor, biólogo de formação. Foram quase duas horas de animada tertúlia, num primeiro momento de conversa entre os três convidados e, depois, de interação com o público, que teve, deste modo, oportunidade de colocar questões e/ou partilhar ideias com Mia Couto.

 Sérgio Guimarães Sousa voltou a destacar a peculiar sensibilidade do vencedor do Prémio Literário Manuel de Boaventura e que todos puderam perceber neste apreciado momento de partilha, onde ficou igualmente patente o seu natural sentido de humor.

 Considerando que o escritor teve oportunidade de visitar, durante o dia de sábado, alguns locais e equipamentos do concelho, o Presidente da Câmara Municipal quis saber, após esse contacto, a sua opinião sobre Esposende, que, na véspera, apelidou de “preciosidade”. Mia Couto referiu a diversidade de Portugal, notando que a oralidade é uma das caraterísticas do Norte, que encontrou refletida em Esposende. Falou de uma “sensação de familiaridade” e de “um sentimento de tempo, de história, que está presente do ponto de vista da construção”. Notou que “as terras são feitas de pessoas” para dizer que foi muito bem acolhido em Esposende: “sinto-me em casa, sinto-me em família. Esposende seria um local onde eu acordaria e sairia para a rua com vontade de encontrar gente”.

 A “apetência para a sabedoria de ficar calado” e a vontade de ouvir histórias fez dele escritor e a pessoa sensível, que vive em relação com a natureza. “Infeliz é o escritor que pensa em prémios”, afirmou, confrontado com o facto de a sua obra “Terra Sonâmbula” estar entre os doze livros africanos mais importantes do século XX. Clarificou que o maior reconhecimento que pode receber é a sua escrita tocar alguém.

 O escritor revelou algumas das suas referências na literatura e falou sobre a obra “O Mapeador de Ausências”, que lhe valeu o Prémio Literário do Município de Esposende, bem como sobre o exercício da escrita, nem sempre pacífico. Pronunciou-se sobre alguns aspetos da sociedade atual, desde a educação à saúde, e comentou, num registo descontraído e humorístico, citações de alguns escritores.

 No final, esteve disponível para mais uma sessão de autógrafos, tendo sido presenteado pelo Presidente Benjamim Pereira com um conjunto de publicações do Município, entre as quais o livro “Esposende – Lugares de Tempo e de Memória”, uma espécie de álbum com citações de escritores que escreveram sobre Esposende, que motivou o autarca, em tom de brincadeira mas falando sério, a desafiar Mia Couto a seguir-lhes o exemplo.

 Recorde-se que Mia Couto, aquando da entrega do Prémio, manifestou disponibilidade para contribuir para o enriquecimento cultural do Município, indo ao encontro da vontade então expressa por Benjamim Pereira de que o escritor seja embaixador de Esposende.





 

Mia Couto recebeu Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021


Mia Couto, o vencedor do Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021, manifestou vontade de contribuir para que “Esposende seja reconhecida como um centro de produção cultural”. O escritor falava na sessão de entrega da terceira edição do Prémio, que decorreu esta tarde, no Auditório Municipal de Esposende, assumindo, assim, a vontade de regressar a Esposende para conhecer melhor o Município e beneficiar do seu rico património cultural.

 A propósito da visita que, hoje, realizou à Casa de Manuel de Boaventura, imóvel que o Município de Esposende adquiriu recentemente, Mia Couto partilhou memórias para, a partir daí, explicar que a génese do livro “O Mapeador de Ausências”, que lhe valeu o Prémio Literário Manuel de Boaventura, foi partilhada com Patrícia, a sua companheira, com a sua filha mais velha e com o responsável editorial em Portugal, pois “não existe um único autor”.

 Na busca de informação sobre o concelho, o escritor moçambicano descobriu um trecho de Agustina Bessa Luís dedicado a Esposende, em que a escritora refere o seu “…apego profundo à natureza marítima das coisas e das pessoas…”. Mia Couto concluiu que “o trabalho do escritor é como o do sargaceiro, trazendo para terra não apenas coisas do mar mas o próprio mar”.

 Pela primeira vez em Esposende, Mia Couto assumiu que se deixou encantar por este território, que apelidou de “preciosidade”, e manifestou a disponibilidade para colaborar com o Município na materialização de eventos culturais que possam enriquecer culturalmente o concelho. “Estou completamente disponível”, declarou.

 O Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, enquadrou a atribuição do Prémio Literário Manuel de Boaventura na estratégia cultural do Município. Referiu que, neste contexto, se insere, para além do Prémio, a reedição das obras de Manuel de Boaventura e a recente aquisição daquela que foi a sua moradia em Palmeira de Faro, para transformação em Casa-Museu, notando que a salvaguarda deste património e demais espólio de Manuel de Boaventura é da maior relevância.

 Sobre o Prémio Literário, Benjamim Pereira afirmou que esta terceira edição, à qual concorreram 104 obras, de vários países de língua portuguesa, deu “um salto qualitativo”, ficando associada a “uma referência na literatura”. Atendendo ao prestígio de Mia Couto, o Município entendeu englobar no programa mais dois momentos, duas tertúlias, que irão decorrer amanhã e domingo. “Importa desfrutar da presença de Mia Couto”, assinalou, considerando que a estadia de três dias possibilitará ao escritor conhecer Esposende e deixar-se seduzir por este “Privilégio da Natureza”. Concluiu, apelando a Mia Couto para ser embaixador de Esposende, “levando pelo mundo todo um pouco desta terra que o acolhe plena de admiração e respeito pelo seu trabalho”.

 Na qualidade de Presidente do Júri, Sérgio Guimarães Sousa, apresentou o enquadramento do Prémio, de periodicidade bienal, referindo que foi instituído com o objetivo de homenagear e divulgar o escritor e homem de cultura Manuel de Boaventura, bem como de incentivar a criatividade literária e o gosto pela escrita. Manifestou satisfação pessoal por participar de tão importante evento, atendendo à admiração que nutre por Mia Couto, enquanto escritor e como pessoa, e deu nota da qualidade literária da obra “O Mapeador de Ausências”, tecendo rasgados elogios ao autor. Realçou ainda a sua “intuição fabulosa” e “grande sensibilidade”, que, de resto, salientou, já lhe valeram a conquista de conceituados prémios literários. A terminar, Sérgio Guimarães Sousa expressou palavras de agradecimento ao Município de Esposende.

 A sessão de entrega do prémio foi iniciada por um momento musical, a cargo da intérprete esposendense Raquel Boaventura Rego, familiar do escritor Manuel de Boaventura. Em declaração à cantora, Mia Couto elogiou a sua qualidade da sua interpretação e manifestou-se comovido pela adaptação musical do seu poema intitulado “Foi para ti.”